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SUPERAÇÃO NA DEFICIÊNCIA


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MEU TESTEMUNHO


 

Dia 28 de NO MEU CORAÇÃO EXISTE UMA ROSAJulho de 1970, uma data que jamais esquecerei em toda minha vida. Nesse dia, levantei-me bem cedo, tinha passado mal a noite, mas tinha que ir trabalhar, apesar de ter apenas 14 anos! Minha mãe ainda disse para eu não ir, mas eu fui.

 Olhei o céu e o dia estava simplesmente lindo! Como um dia como aquele poderia terminar de uma maneira tão trágica. Porque não fiz o que minha mãe disse. Existem certos acontecimentos em nossas vidas que fogem da nossa compreensão e do nosso entendimento. E assim fui para a fábrica onde trabalhava a três meses "Serração de Madeiras" Quando cheguei ao trabalho fui acabar o serviço do dia anterior. Trabalhávamos eu e um Senhor numa plaina desengrossadeira, eu apanhava a madeira depois de aplainada tinha que a transportar para um determinado lugar. Acabamos o trabalho nessa maquina e passamos para outra também desengrossadeira. Substituíram meu colega por um mais idoso e de quem não simpatizava muito. Pensava comigo mesma, eu que nunca ponha óleo na máquina nesse dia deu-me para pegar na galheta do óleo e untar a máquina, também nunca era eu que a ligava, mas o meu colega mandou-me ligar e eu fi-lo e continuei a fazer o que estava a fazer "pondo óleo" eu não reflecti e meti o dedo para tirar fitas no sítio do parafuso e lá colocar óleo. Nesse momento a máquina corta-me a mão esquerda aos bocadinhos e eu vejo-me aos gritos e ninguém se aproximava para me ajudar, eu fui em direcção a umas pessoas e nesse momento olho para o relógio e eram oito horas e trinta minutos da manha, só estava a trabalhar a trinta minutos. Não me lembro de ter dores, mas algo eu sentia, porque em pranto eu dizia que minha mãe me ia bater. Uma colega embrulhou o que restava do braço num aventar e vários panos, porque sangrava muito. E vim para o escritório para passara guia para do seguro para entregar no hospital, não desmaiei nunca apesar de estar aquase a desfalecer, mas deram-me água e fiquei melhor como o empregado de escritório só entrava as nove tive que esperar e depois veio a ambulância e lá fui. No hospital passei por várias cenas desagraveis e das quais não quero falar. Mas quando tive a consciência de que ia ficar sem mão, doeu demais! A primeira sensação Foi muito má. Antes da cirurgia, o médico depois de um grande pedaço da ordem de cirurgia pois eu estava suja e tinham que me limpa; entrei numa grande sala e entretanto dormi e quando acordei estava na enfermaria com uma transfusão de sangue, olho e vejo uma grande sala e pessoas a falar e voltei a dormir.

Tive a visita de familiares o que foi horrível e as primeiras palavras foram " olhem o que eu fiz" e chorei muito, não sei o tempo ou dias de permanência no Hospital de Santo António no Porto. Sei que me levaram a casa banho porque não conseguia na aparadeira e quando acordei estava na cama, "tinha desmaiado" devido a estar muito fraca e ter perdido muito sangue. Meu caso agravou-se e tive que ser transportada para outro hospital e ser submetida a outra cirurgia e como esta fui mais quatro e fiquei sem braço por cima do cotovelo. Foi muito difícil por lado mas por outro livrei-me de muitas coisas que me poderiam fazer um mal ainda maior e conheci pessoas amorosas e tive a oportunidade de ver o outro lado da vida. Passei minha juventude a bater com a cabeça nas paredes porque não me sentia harmoniosa e estável. Quando soube que minha mãe desejou que tivesse morrido, doeu de mais. Tive minhas aventuras de jovem e tive de me adaptar a minha nova situação, não foi fácil. Agarrei-me a Deus e a fé que tinha e as minhas amizades. E aos 18 anos estava a dar um passo importante para a minha independência, fui para um colégio de freiras. Tive uma vida cheia de aventuras e dores físicas e muitas psicológicas. Sempre quis mostrar a mim mesma e aos outros que mesmo sem um braço era muito capaz. Trabalhei em vários empregos e namorei  dei catequese e pertenci a vários grupos de jovens e mais tarde de adultos.

  Várias vezes tentei o suicídio, mas não porque quisesse morrer, mas por desespero e angustia de falta de compreensão e de amor. Não tinha escolaridade, também estudei e mais tarde casei e tive um filho que é a luz dos meus olhos e a quem amo e meu marido. Meu marido foi alguém enviado por Deus para mim. Tinha que ser ele e não outro.

Hoje estou recebendo outras provações e também alegrias, sim porque todos os dias somos postos a prova, enquanto se vive neste mundo. Mas alegrias porque apesar de sermos um casal deficiente conseguimos viver independentes e criar nosso filho dando-lhe tudo o que precisava para viver e não ter de que se envergonhar. A nossa maior alegria é ele ser saudável e um jovem inteligente e bem formado, hoje está na Universidade de Psicologia do Porto.

No curso que queria e onde queria-mos. Agora peço a Deus mais um pouquinho de ajuda, para se formar.

Esta é um pouco da minha vida pós deficiência. E só a publico para dar um pouco de força a quem como eu esteja a passar por uma provação idêntica.

Não vale apena desanimar, chora mas luta por víveres com dignidade, porque o que faz o "Ser" ser humano, não é o braço ou a perna ou qualquer outra parte do corpo, é a tua essência de Homem e Mulher que está dentro de ti e que ninguém te pode tirar.